Origens
A Aero Boero S. A. é uma fábrica de aviões argentina, fundada por Hector Boero, em 1956, em Morteros, na Província de Córdoba. A empresa começou fazendo reparos e manutenção em aeronaves, na grande maioria, de uso agrícola. O primeiro modelo da empresa foi o AB-95, um monomotor com trem de pouso convencional, que voou em 12 de março de 1959, com a matrícula LV-X20. Recebeu sua homologação em 1962, desta forma, dando início à produção em série do tipo.
Aero Boero AB-95, equipado com motor Continental C-90, de 95 hp’s. Modelo que deu origem ao AB-115, largamente utilizado no Brasil para instrução primária em Aeroclubes. Foto: Wikipedia
Aero Boero AB-95. Foto: Wikipedia
O Aero Boero no Brasil
Em 1986, o hoje extinto DAC – Departamento de Aviação Civil estava preocupado com a situação da frota de aeronaves de instrução dos aeroclubes brasileiros, constituída, em sua maior parte, de aviões construídos nas décadas de 40, 50 e 60. Embora estimados pelos pilotos, os veteranos Paulistinhas CAP-4 e P-56C já se encontravam muito desgastados, obsoletos e incapazes de suprir as necessidades dos Aeroclubes. Sem sistema elétrico, sem rádio e sem qualquer recurso mais avançado, sofriam cada vez mais restrições para voar no já congestionado tráfego dos aeroportos brasileiros. A Cessna havia encerrado a fabricação de alguns modelos básicos, como o C150 e C152. A Piper e a Embraer ou se recuperavam de problemas internos, ou paralisavam a produção, e a demanda por renovação da frota se fazia urgente.
O DAC aventou a hipótese de reativar a fabricação dos Paulistinhas, mas não houve interesse de nenhum fabricante. A solução para o impasse estava na Argentina. Dois fabricantes daquele país, Aero Boero e Chincul, tinham condições de fabricar aeronaves de treinamento. Assim teve início a história do Aero Boero no Brasil, uma aeronave que já chegou com preconceito, mas pela demanda conseguiu acalmar os ânimos daqueles que aguardavam pela novidade. “Era uma aeronave muito difícil de pilotar, quando se era possível pilotá-la”, diziam alguns. Os relatos de hoje não deixam ninguém na dúvida sobre como era complicado e trabalhoso operar essas aeronaves, quem dirá fazer instrução. Mas o Aeroboero serviu muito bem ao posto e até hoje serve. É uma aeronave robusta e com um motor Lycoming de 115 hp’s, que supria de certa forma sua necessidade por potência.
O DAC enviou 6 experientes instrutores de vôo civis e dois oficiais da Força Aérea Brasileira para avaliar uma aeronave disponibilizada pelo sr. Hector Boero, presidente da Aero Boero, em Monteros, sede da fábrica. Embora fizessem ressalvas quanto à ergonomia da cabine e quanto à baixa potência disponível e avaliaram positivamente o avião.
O DAC deu sinal verde para a aquisição, a um preço inicial de US$ 74 mil para cada exemplar. Várias unidades do modelo AB-180, que Hector Boero oferecia no mercado, desde 1967, como avião de turismo leve ou agrícola, foram também encomendados, com a finalidade de rebocar planadores nos aeroclubes.
A fabricação da aeronave iniciou-se em 1987, e os primeiros 5 exemplares foram entregues no início de 1988, no Aeroclube do Rio Grande do Sul, em Belém Novo/RS. O DAC convidou instrutores de vôo de vários Aeroclubes para adaptação e padronização na nova aeronave. A intenção do DAC, nessa época, era criar 5 grandes centros de formação de pilotos, para substituir as centenas de aeroclubes deficitários espalhados pelo Brasil, idéia que acabou não sendo concretizada.
Com a chegada, até 1994, de quase 400 exemplares de AB-115 e AB-180, o DAC doou aos aeroclubes as veteranas aeronaves de sua frota, uma heterogênea coleção de HL-1, CAP-4, P-56C, PA-18, PA-20 e J-3, muitas das quais ainda operam em sua função original.
A origem do AB-115
Em 1968 a Aero Boero começa a ter dificuldades com a Continental em obter os motores que equipavam o AB-95, e assim sendo, substitui-o pelo motor Lycoming O-235, de 115 hp’s. No Brasil, nas últimas três décadas, várias centenas de pilotos aprenderam a voar nas asas dos AB-115, bem como dividiram suas horas de voo nos Paulistinha CAP-4 e P-56. O 115 é um avião exigente, o que obriga um elevado desenvolvimento dos jovens aviadores principalmente nas operações de decolagem e pouso.
Aero Boero AB-115 e sua pintura básica, porém, clássica
A evolução do projeto desta aeronave resulta, a partir de 1975, na produção do modelo AB 115/150 para atividades agrícolas, bem como, a partir de 1988, na produção do AB 115 Trainer, que opera hoje em diversos Aeroclubes no Brasil. O AB 115 foi o avião civil de maior destaque já produzido pela indústria aeronáutica argentina, tendo sido produzidas um total de 420 unidades desta aeronave. Segundo o RAB – Registro Aeronáutico Brasileiro, há hoje 306 AB-115 registrados no Brasil, entre as aeronaves que estão em condições de voo ou não.
Aero Boero AB-115, operado pelo Aeroclube de Santa Catarina, e sua belíssima pintura. As faixas verde e amarela representam que a aeronave pertence à ANAC, do Governo Federal
Frota de Aero Boero do Aeroclube de Blumenau, inclusive um AB-180RVR
Aero Boero – o Senhor professor
Painel de instrumentos do AB-115
Dados técnicos – AB-115
Capacidade: 2 ocupantes
Comprimento: 7.27 m
Envergadura: 10.72 m
Altura: 2.10 m
Área da asa: 16.5 m²
Aerofólio: NACA 23012
Peso vazio: 530 kg
Carga útil: 240 kg
Peso máximo de decolagem: 770 kg
Motor: Lycoming O-235-C2A, 115 hp’s, 2.400 rpm
Velocidade máxima: 220 km/h
Velocidade de cruzeiro: 145 km/h
Velocidade de Stol: 68 km/h
Alcance: 648 km
Teto de serviço: 8.000 fts
Razão de subida: 480 fts/min (70 mph)
Aero Boero AB-180
O AB-180, ou ”Boerão”, como também é conhecido nos Aeroclubes, é substancialmente uma versão melhorada e mais potente do AB-115. O primeiro exemplar voou em 1967 e foi produzido até meados dos anos 2.000. Trata-se do AB-180, que equipado com motor Lycoming O-360-A1A de 180 hp’s, dá origem a uma aeronave empregada em diversas atividades no Brasil e Argentina, entre elas, o reboque de planadores.
Aero Boero AB-180 do Aeroclube de Bauru, utilizado para instrução e reboque de planadores. As principais diferenças em relação ao 115 são o motor e a inclusão de uma janela traseira, o que amplia o campo de visão durante os reboques
De acordo com o RAB – Registro Aeronáutico Brasileiro, há 60 aeronaves AB-180 registradas no Brasil, entre as que estão em voo ou não.
Momento exato do desligamento do cabo de reboque!
Planador Nhapecan sendo rebocado por um AB-180RVR, ambos do Aeroclube de Santa Catarina. Foto: Lucas Popinga
Raro Aero Boero AB-180 com asas enteladas. Foto: Gaston Labougle – Airliners.net
Lembrando que as versões AB 180RV e, posteriormente, os AB 180RVR são equipados com um gancho especial para o reboque de aeronaves para voo a vela, tendo também uma autonomia estendida.
Dados técnicos – AB-180RVR
Capacidade: 2 ocupantes
Carga útil: 288 kg
Comprimento: 7.08 m
Envergadura: 10.78 m
Altura: 2.05 m
Área da asa: 17.41 m²
Aerofólio: Modified NACA 23012
Peso vazio: 602 kg
Peso máximo de decolagem: 890 kg
Motor: Lycomingo O-360-A1A, 180 hp’s, 2.700 rpm
Velocidade Nunca Exceder: 245 km/h
Velocidade máxima: 225 km/h
Velocidade de cruzeiro: 201 km/h
Velocidade de Stol: 73 km/h
Alcance: 1.180 km
Razão de subida: 1.025 fts/min
Postado por: Daniel Popinga – Portaldoaviador.com
Fontes: http://aeroboero.com/?page_id=144
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aero_Boero
http://culturaaeronautica.blogspot.com.br/2009/05/aero-boero-um-aviao-polemico.html
http://canalpiloto.com.br/o-comeco-de-tudo-aeronaves-de-instrucao-aeroboero/