Um dos painéis do primeiro dia do Capa Americas Aviation Summit, que ocorre em Las Vegas neste final de abril, com patrocínio da Travelport, entre outras empresas, tratou da aviação na América Latina. Segundo o moderador Alex de Gunten, da Heico, de 60% a 65% do movimento aéreo da região está concentrado em dois países: México e Brasil.
Pelo que se ouviu dos painelistas, que incluíram Alex Malfitani, presidente do programa Tudo Azul, da Azul Linhas Aéreas, e Marcelo Varella, ex-Latam e agora diretor de Desenvolvimento do Rio Galeão, a América Latina ainda é vista como região de crescimento e com otimismo, mas há problemas pontuais e conjunturais que preocupam.
No Brasil, o grande problema parece ser a infraestrutura. Segundo Malfitani, a Copa do Mundo e a Olimpíada são mais distrações que eventos que trarão benefícios, mas para a aceleração do processo de concessão de aeroportos foram importantes. Sem esses eventos, os avanços não teriam ocorrido. Peter Cerdá, vice-presidente da Iata para as Américas, concorda e vai além: “a longo prazo, teremos uma situação melhor no Brasil em relação a aeroportos, mas a curto prazo ainda são um problema”.
O presidente do Tudo Azul citou ainda a demora do governo em fazer melhorias em aeroportos secundários (com isso a empresa deixou de operar em três cidades, ao trocar as aeronaves da antiga Trip por aviões maiores) e o excesso de capacidade em algumas rotas. “Nossos clientes mostram que querem que voemos para Estados Unidos, alguns países na Europa e Buenos Aires, mas não conseguiríamos uma operação rentável para a Argentina, pois há um excesso de oferta”, disse ele, dizendo que a Azul vai concentrar esforços na Flórida e outros destinos americanos.
Peter Cerdá usou de eufemismo para analisar a situação da Venezuela e acredita que as empresas aéreas não verão tão cedo os quase US$ 4 bilhões devidos pelo governo daquele país às companhias. “É uma situação muito delicada”. Em escala menor, o VP da Iata disse que a associação acompanha de perto a situação da Argentina, mas que está otimista que as eleições deste ano tragam uma nova posição do país.
Ele ainda citou o excesso de taxas e impostos cobrados por governos e aeroportos na América Latina. “Eles veem a aviação não como estratégica mas como uma fonte de dinheiro apenas”.
No México, a situação dos aeroportos também preocupa, com o governo prometendo um novo para a Cidade do México, mas com diversos outros destinos precisando de mais infraestrutura. A situação precária de aeroportos secundários e terciários, que serão importantes para que a América Latina dobre o número de passageiros até 2025, chegando a cerca de 500 milhões, é recorrentes em diversos países, incluindo o Brasil.
Marcelo Varella, do Rio Galeão, disse que as companhias nacionais estão mais maduras no ajuste de suas capacidades e que a concessão de aeroportos vai ajudar o Brasil a desenvolver outras bases fora do Rio e de São Paulo, o que é bom também para o negócio das companhias.