No último mês de outubro, parte da frança parou para comemorar os 96 anos de morte de Roland Garros, “patrono” da aviação francesa, conhecido por realizar a primeira travessia – solitária e sem escalas – do Mediterrâneo, a bordo de um Morane-Saulnier, pousando na Tunísia restando apenas cinco litros de combustível. Piloto excepcional e gênio da engenharia, Garros – que compõe o nome do principal torneio de tênis do mundo – mostra que a presença da aviação francesa no Brasil está repleta de surpresas.
Em 1911, a Queen Aviation Company Limited, empresa de demonstrações aéreas de Nova Iorque, desembarcou no Rio de Janeiro trazendo oito aviões Blériot e os maiores ases da aviação francesa, entre os quais, Roland Garros. Na capital carioca, o francês levou para voar pela primeira vez o tenente Ricardo Kirk, que se tornaria o primeiro piloto militar no Brasil.
Garros ainda passaria um tempo ensinando pilotagem em São Paulo e, ao lado de Eduardo Pacheco Chaves, cada qual pilotando seu próprio avião, inaugurou a ponte aérea “São Paulo-Santos-São Paulo”, em 1912. Na ocasião, o governo paulista oferecia um prêmio de 30 mil réis ao primeiro que realizasse a façanha. Como a aeronave de Garros apresentou defeito antes mesmo de decolar, Eduardo Chaves, mesmo sendo seu competidor, ajudou-o a repará-la e os dois acabaram retornando juntos no mesmo avião.
Garros cravaria mais três recordes mundiais de altitude e inauguraria a conexão aérea entre Havana e Cidade do México. Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914), transformou-se em piloto militar, recebendo o titulo de “ás da aviação”. Criou um novo sistema em seu monoplano Morane Saulnier N, usando metralhadoras Hotchkiss no capô, que disparavam tiros através da hélice. Abatido pelos alemães, foi feito prisioneiro e teve seu sistema aperfeiçoado pelos nazistas. Conseguindo fugir, retomou seu posto na esquadrilha, mas foi morto em combate no ano de 1918.