O Portal do Aviador reúne sites e muito conteúdo relacionados à aviação. Notícias, anúncios e cobertura de eventos aeronauticos.

Sea Gripen. Ficção ou realidade?
, / 1656

Sea Gripen. Ficção ou realidade?

Compartilhe

Muito se tem falado e especulado sobre uma versão naval do pequeno jato sueco. É possível? Sim. Resta saber se financeiramente é viável. O caça naval é uma máquina singular. Precisa ser muito mais resistente que seu irmão terrestre. Precisa carregar peso morto, já que seu trem de pouso é mais robusto se comparado a uma aeronave terrestre.

Por fim, tem o peso do sistema de dobragem das asas, já que aeronaves como o A-4, Rafale, Tejas e Sea Harrier, por serem ‘pequenas’, não precisam do sistema. O caça naval precisa operar num ambiente exíguo e resistir à maresia. Precisa ser fácil de reparar. Em suma, tudo isso torna a modalidade muito mais cara de se adquirir e manter.

Vamos dar uma pequena pincelada na história e ver algumas naves que evoluíram a partir de sua versão terrestre.

Spitfire/Seafire

Os primeiros Seafires eram apenas adaptações do Spitfire com ganchos de parada e engate para o uso de catapulta no porta-aviões. No entanto, o trem de pouso teve de ser reforçado em modelos posteriores para sobreviver aos violentos pousos. O trem de pouso estreito sempre foi uma desvantagem do projeto e se acentuou no uso em convés.

O avião tinha uma tendência a pender para um lado ou para o outro, com tendência a se estatelar no deck. Muito se falou do pobre desempenho do caça, porém a deficiência real do Seafire como um caça naval foi a sua baixa resistência de apenas 90 minutos. O Seafire III introduziu asas dobráveis para que mais Seafires pudessem ser carregados no confinado espaço dos porta-aviões.

Seafire-spitfire

“Spitfire” e “Seafire”

 

Tempest

Tempest/Sea Fury

O Sea-Fury era um caça a pistão que ficou pronto tarde de mais para a Segunda Guerra Mundial, com seu protótipo voando pela primeira vez em Agosto de 1944. Ele foi o último caça a hélice da Hawker, e era descendente direto do Hurricane, Typhoon e Tempest.

O avião acabou sendo adquirido pela Marinha Real, apesar desta querer jatos, mas os engenheiros ingleses não conseguiam projetar aviões a jato com capacidade para pousar no curto convés de um porta-aviões. Uma curiosidade sobre este caça é que ele foi o primeiro caça a hélice a abater um jato na Guerra da Coreia, em 1950, no caso, um MIG-15.

Vampire/Sea Vampire

O de Havilland DH.100 Vampire foi desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, para aproveitar o motor a jato recém desenvolvido. O Vampire entrou em serviço com a RAF em 1945 e foi o segundo caça a jato da RAF, depois do Gloster Meteor e o primeiro monomotor a jato.

O Sea Vampire foi o primeiro caça a jato da Marinha Real, uma variante navalisada do Vampire para operar em seus porta-aviões.

“Vampire” e “Sea Vampire”

“Vampire” e “Sea Vampire”

 

Venom/Sea Venom

O de Havilland Sea Venom foi a versão navalisada do Venom NF.2 de dois lugares, caça britânico do pós-guerra. O Sea Venom foi usado como um interceptador para qualquer tempo. As modificações necessárias para uso em porta-aviões incluíram asas dobráveis e gancho de cauda reforçado.

A cobertura foi modificada para permitir a ejeção do piloto sob a água. O primeiro protótipo fez seu primeiro voo em 1951 e os ensaios em porta-aviões começaram no mesmo ano.

Venom

“Venom” e “Sea Venom”

 

F-86 Sabre/FJ-1 Fury

Aqui o enredo é mais complexo. Ocorre que tanto o FJ-1 e o F-86 estavam na prancheta ao mesmo tempo. A North American propôs a USN e a USAF o enflechamento das asas. A USAF topou e surgiu o F-86 Sabre. A USN não aceitou e após o desenvolvimento do FJ-1 voltou atrás, surgindo assim as variantes de asas enflechadas FJ-2, FJ-3 e o FJ-4 que não foi produzido.

“F-86 Sabre”, “FJ-1 Fury” e “FJ-2 Fury”

“F-86 Sabre”, “FJ-1 Fury” e “FJ-2 Fury”

 

F-111/F-111B

Projetado em paralelo com o F-111 “Aardvark” que foi aprovado pela Força Aérea como uma aeronave de ataque, o F-111B sofreu questões de desenvolvimento e evolução das necessidades da Marinha para uma aeronave com capacidade de manobra, capaz de engajar alvos no modo “dogfight”.

O F-111B acabou não sendo encomendado para a produção. O F-111 naval sofreu com o excesso de peso. Pediram a ele que fizesse o que não podia.

“F-111” e “F-111B”

“F-111” e “F-111B”

 

MiG-29/Su-33

A filosofia soviética não contemplava o uso de grandes navios aeródromos para projeção de força. Pouco ela fez para adquirir tal capacidade. Durante certo tempo os soviéticos investiram no uso de aviões VTOL – Yak-38 Forger – mas o avião era inferior ao Sea Harrier e incapaz de prover defesa da frota. O MiG-29K e o Su-33 são extrapolações de projetos já testados e aprovados.

“MIG-29” e “Su-33”

“MIG-29” e “Su-33”

 

Rafale M

“Rafale M”

Rafale/Rafale M

Ao contrário do usual, o Rafale M foi projetado antes do Rafale. A versão naval do belo jato francês é com certeza o melhor caça embarcado do mundo, sendo tão capaz quanto muitos caças em operação no mundo.

 

Gripen/Sea Gripen

Se depender de photoshop o Sea Gripen será um sucesso. O fato é de que não basta colocar um gancho na cauda, tem que reprojetar todo o avião. O Seafire, Sea Venom e demais, todos eles tiveram aquilo que parece faltar ao SG, ou seja, produção. Na atualidade, só a marinha do Brasil parece estar interessada nesta versão do Gripen. Quem mais vai querer? A Índia já tem o seu Tejas naval. A Suécia não precisa. A Argentina não tem mais porta-aviões. Praticamente não existem clientes. Só a Marinha do Brasil? Quantas unidades seriam adquiridas? 12? 18? 24? O Sea Gripen é viável ou apenas um delírio?

Sea-Gripen

Pedro Rosas / Giordani / Cavok