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Sudanês monta avião no quintal de casa

Jovem teve de largar estudos e sonho de cursar engenharia mas, apaixonado por aviação, virou autodidata usando livros antigos e a internet
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foto: Mading Akech

George Mel sonhava em ser aviador desde menino, mas quando seu pai morreu ele teve de largar os estudos e abandonar qualquer chance de treinamento para ser piloto. Em vez disso, George construiu uma aeronave em seu quintal.

Autoridades da Força Aérea do país ficaram tão impressionadas com o feito que lhe ofereceram um emprego. “Eu era apaixonado por engenharia aeronáutica desde jovem”, afirmou George Mel, que tem 23 anos e vive em Juba, a capital do Sudão do Sul.

“Adoro fazer aviões. Quando eu era pequeno, tentei voar. Construí asas com cortinas e peças de metal e subi no telhado. Eu queria ver se conseguiria voar como um pássaro, mas caí e quase quebrei minha perna.”

As frustrações antigas não impediram George de aprender tudo que pôde sobre aviação. Ele cursou o ensino médio em uma escola em Uganda. Seu pai morreu em 2011, quando ele se preparava para as provas finais. Por causa disso, a família não pôde mais pagar as mensalidades da instituição.

O rapaz não teve outra escolha a não ser abandonar os estudos. Por outro lado, sem os deveres escolares, teve tempo de correr atrás de seu sonho. “Passei a ter tempo para me ocupar com pesquisas e comecei a ver meus sonhos na prática”, disse o jovem.

George colecionou meticulosamente os materiais necessários para o seu projeto. Vasculhou as serralherias de Juba para conseguir alumínio para a fuselagem e importou dois pequenos motores. Usando uma cadeira de jardim para fazer a cabine de comando, ele construiu o avião com base em informações obtidas em livros antigos e na internet.

No final de 2013, o Sudão do Sul caminhava para uma guerra civil em meio a uma disputa de poder entre os dois políticos mais poderosos do país. Mas o apaixonado por aviação seguiu trabalhando em sua aeronave mesmo quando o conflito se aproximava das instalações das Nações Unidas, perto de sua casa.

“Nunca parei meu projeto. Muitas pessoas abandonaram a área, mas eu não me mexi. Não sabia para onde ir, então continuei meu trabalho”, disse.

Centro de pesquisas

O “centro de pesquisa” é seu quarto, onde uma cama divide espaço com peças de avião. “Você pode ver que tenho hélices de madeira e drones, porque essa é a minha área de interesse, é no que estou focado”, explica George.

Quando George mostrou seu trabalho para a Força Aérea do Sudão do Sul, as autoridades ficaram impressionadas e lhe ofereceram um emprego em seu departamento de tecnologia da informação. Agora, ele sonha em conseguir uma bolsa de estudos para cursar engenharia aeronáutica no exterior.

Por enquanto, as autoridades de Juba têm se recusado a permitir que George teste seu ultraleve. O aparelho pode apenas taxiar no quintal. Mas George continua determinado. Um dos seus objetivos é desenvolver um drone para pulverização de colheitas e, no futuro, aviões de grande porte.

Na fuselagem de seu ultraleve, ele desenhou a bandeira do Sudão do Sul e as palavras: “Nós temos um futuro”. “Estou muito esperançoso. Precisamos seguir com a vida. Temos que fazer nosso melhor para levantar esse país”, afirmou.

Jason Caffrey / BBC